STF forma maioria para derrubar parte da reforma da Previdência
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Julgamento de 13 ADIs aconteceu nesta semana, mas Gilmar Mendes pediu vista
Após retomar votação do julgamento de 13 Ações Diretas por Inconstitucionalidade (ADIs) que questionam a Emenda Constitucional 103/2019 (Reforma da previdência de Bolsonaro), no último dia 19, o STF formou maioria em favor dos servidores para julgar inconstitucionais algumas alterações trazidas pela Emenda. Entre essas decisões estão a que considera inconstitucional a autorização para as contribuições sobre aposentadoria e pensões superiores ao salário-mínimo e contribuições extraordinárias, quando fosse indicada situação de déficit nos regimes próprios de previdência dos servidores públicos. Segundo o Ministro Fachin, a reforma da previdência estabeleceu situação de insegurança e confisco ao permitir o aumento sem definir, exatamente, a situação que permitiria esse aumento das contribuições.
O Sintespe já recorreu ao STF, junto a outros sindicatos, com um pedido de julgamento contra o confisco.
Com a inconstitucionalidade do art. 149, § 1º-A, as contribuições previdenciárias seguem o que prevê o art. 40, §18º da Constituição Federal, incidirão apenas sobre os proventos de aposentadorias e pensões que superem o limite máximo estabelecido para os benefícios do Regime Geral de Previdência Social.
Conforme o assessor jurídico do SINTESPE, Rivera Vieira, a decisão tem efeito sobre os regimes próprios dos estados e municípios, como em Santa Catarina, onde a reforma de previdência institui contribuição de 14% sobre aposentadoria e pensões que superem 2 (dois) salários mínimos nacionais, a partir de 1º de janeiro de 2024; 2,5 (dois inteiros e cinco décimos) salários mínimos nacionais, a partir de 1º de janeiro de 2025; e III – 3 (três) salários mínimos nacionais, a partir de 1º de janeiro de 2026. Caso a posição da maioria seja mantida, o Estado de Santa Catarina deverá acatar essa decisão e os aposentados e pensionistas que perceberem salários abaixo do valor de R$ 7786,02 (teto do INSS) não sofrerão desconto dos 14% da Previdência.
Outras decisões
No entanto, mesmo com essas decisões a favor dos servidores, até agora os ministros votaram em maioria pela constitucionalidade das seguintes mudanças estabelecidas pela EC: o fim da “imunidade do duplo teto”; a forma de cálculo da pensão por morte; a alíquota progressiva; a base de cálculo para as servidoras públicas.
Em meio à votação, o Ministro Gilmar Mendes pediu vistas, o que adiou mais uma vez o julgamento. As ADIs questionadas são as de número 6254, 6255, 6256, 6258, 6271, 6279, 6289, 6361, 6367, 6384, 6385, 6731 e 6916, ajuizadas por associações de defensores públicos, magistrados, membros do Ministério Público, auditores fiscais, partido político e delegados e agentes da Polícia.