História

25 anos de lutas e conquistas para os servidores públicos 

Em 1983, ocorrem grandes mobilizações frutos da abertura política, do resgate da cidadania, com o fim do Regime Militar. Surge um sindicalismo combativo. É a época dos movimentos dos metalúrgicos, da criação da Central Única dos Trabalhadores – CUT e do movimento político pela democracia que ficou conhecido como Diretas Já. Em Santa Catarina, as associações dos servidores, motivadas pela luta por direitos, uniram-se para pressionar o governo por melhores reajustes salariais. “Muitas associações sindicais foram importantíssimas para a constituição do Sintespe.”, destaca o primeiro presidente do Sintespe, Antônio Luiz Battisti. “A resistência, grandes mobilizações e greves apontaram para a criação do sindicato”, relembra.

Em 1984, foram convocadas Assembléias Gerais para discutir com os servidores sobre as perdas acumuladas com a inflação. Foi marcado o Dia da Reflexão — uma paralisação camuflada. O governo anunciou um abono de emergência. Em 1985, as principais bandeiras de luta estavam definidas: 13º salário, 30 horas semanais, direitos a sindicalização e reposição salarial. “Até 1985 não era tradição dos servidores fazer reivindicação contra o governo”, recorda Batistti. A primeira luta efetiva, unificada, dos servidores, ocorreu em 86, quando as lideranças convocaram os servidores e realizaram um acampamento por reposição das perdas salariais. A mobilização durou 7 dias e ocorreu em frente ao Palácio do Governo catarinense.

O fruto dessa mobilização levou a criação da Federação dos Trabalhadores do Serviço Público — FETESP, constituída de 26 associações dos servidores públicos.  No dia 21 de novembro de 1986 agregou a Comissão Pró-Federação, com um forte trabalho dos servidores. Na prática a FETESP representava todos os trabalhadores do serviço público — unificando o movimento. Para levar informação a todos aos servidores, foi criado o Boletim do Servidor, um instrumento de difusão, debate e organização da luta nos locais de trabalho.

Em 1987, o salário dos servidores sofre atraso e perdas que chegam a 57% da inflação. O governo adota o arrocho salarial. Começa uma intensa mobilização dos servidores em Santa Catarina. Após 22 assembléias regionais, os servidores decidiram pela paralisação por tempo indeterminado. A greve durou 57 dias. Os trabalhadores foram repreendidos com o uso da força policial. “A greve foi vitoriosa pois a categoria mostrou seu poder de luta. Essa greve incentivou a criação de outros sindicatos”, destaca o diretor de finanças Maurino Silva. Naquele ano, 11 milhões de servidores realizaram greves pelo país.

Em Santa Catarina a força da categoria foi consolidada durante o II – Congresso dos Servidores Públicos do Estado de Santa Catarina. O evento contou com a participação de 23 entidades e 192 delegados. A categoria havia avançado na sua organização e na construção de um movimento único. “Mesmo sem estrutura, nos reuníamos às pessoas, e as greves ocorriam porque havia uma disposição da categoria de reivindicar, lutar e conquistar”, afirma Battisti.

A primeira sede do sindicato foi abrigada na sede da Associação de Assistente Social do Estado no calçadão da Rua Felipe Schimit. Com a formalização da Federação, iniciou o processo de filiação e de arrecadação. No ano 1988, o movimento caminhava para a sindicalização dos trabalhadores, era o ano da promulgação da Constituição. A partir das novas leis a legalização do sindicato tornou-se uma realidade e o direito a greve foi reconhecido. Com os sindicatos em construção sentiu-se a necessidade de se constituir um sindicato único. No dia 18 de outubro de 1988, foi criado em Assembleia Geral, o Sindicato dos Servidores Públicos do Estado de Santa Catarina (Sintespe).