VI Congresso do SINTESPE proporciona reflexões em seu segundo dia de atividades

VI Congresso do SINTESPE proporciona reflexões em seu segundo dia de atividades

O aprofundamento do golpe de Estado no Brasil e os interesses escusos do imperialismo foram os temas debatidos na primeira mesa do segundo dia do VI Congresso do SINTESPE.

“Esse aqui é um golpe contra 99% da população. Como é possível ser a favor de um cenário onde se observa a crescente destruição de direitos, entrega de patrimônio nacional, ferimento da soberania nacional e subserviência à políticas norteamericanas?”. Essa foi a tônica do debate conduzido por José Álvaro, do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos de Santa Catarina (Dieese-SC).

Direitos, qualidade de vida, renda e sobrevivência de toda a população estão ameaçados, em um ataque jamais visto em nossa história. O cenário de crise tende a se aprofundar, especialmente por conta do alinhamento político, militar e econômico com o governo norteamericano, em uma atitude classificada pelo palestrante como “servil e lamentável” e que “será uma das tônicas do próximo governo”.

O ano de 2019 será marcado por incerteza em diversos cenários e José Álvaro considera que a vida dos trabalhadores será extremamente prejudicada, seja por conta das medidas econômicas do próximo governo que, segundo ele, não funcionaram em nenhuma outra parte do mundo ou seja pela quantidade de mentiras que serão disparadas para justificar a reforma da previdência.

“Nesse momento a gente é muito azarado enquanto povo. A extrema direita no resto do mundo é extremamente nacionalista e protetora de seus próprios recursos, empregos e empresas, enquanto que no Brasil o que acontece é exatamente o contrário, com preparação para entregar empresas estatais estratégicas e recursos do nosso país”, declarou.

José Álvaro também completou sua fala, prevendo que o cenário de privatização deve ser continuado, para que sejam garantidos os pilares do golpe de Estado, que consiste no enriquecimento de poucos, ferimento da soberania e retirada de direitos.

 

Autoquestionamento em pauta

“Eu não quero dar respostas, eu quero que vocês saiam daqui com perguntas”. O professor e psicólogo Luiz Sérgio conduziu a segunda mesa do dia com um discurso mais filosófico, voltado para o autoquestionamento e reconhecimento do papel individual neste cenário de incertezas. Temas como a perda de identidade, a sensação de pertencimento e a importância de entrarmos em contato com visões que são contrárias às nossas nortearam a discussão.

“Não participo de grupos de WhatsApp. Ali todo mundo fala o que eu quero ouvir. Eu quero que alguém me diga algo novo, algo diferente, que me faça refletir”, afirmou. O questionamento de nossas atitudes, desejos e vontades deve ser colocado em perspectiva, segundo o palestrante, pois nesse momento ninguém consegue prever assertivamente qual será a nossa realidade ao longo dos próximos anos. Recuperar a consciência de classe perdida, promover a democracia e reconstituir as organizações dos trabalhadores estão entre as soluções apontadas por Luiz Sérgio, que acredita também na importância de reformar o legislativo, o executivo e o judiciário.

“As saídas são difíceis, mas elas existem”, comentou enquanto dissecava o papel do medo e do pânico como força paralisadora de nossas ações. Para ele, teremos inúmeras possibilidades de ação se soubermos trabalhar nosso medo e inseguranças diante do desconhecido. “Devemos desfrutar dos pequenos momentos, reconstruir nossas convicções e esperanças, criando nossa potencialidade de vida, que é servir o outro e também uma base do que é o serviço público”, finalizou.

Atividades complementares

Após as mesas na parte da manhã, os participantes do congresso fizeram uma pausa para o almoço e retornaram para as atividades da tarde. Foram formados cinco grupos de trabalho para debater e efetuar as devidas considerações da tese do congresso, que foi posteriormente debatida e aprovada em plenário com as contribuições dos grupos.

O Congresso do SINTESPE encerra nesse sábado com a votação das propostas do Plano de Lutas e votação das Moções e Resoluções, bem como a apresentação e votação das alterações do estatuto do sindicato.

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