O que está acontecendo no mundo?

“Sim, eu encontrei um erro. Mas eu estou arrasado pelo fato. O sistema todo funcionou por décadas. No entanto, o sustentáculo intelectual implodiu irremediavelmente”

Alan Greenspan, ex-presidente, por 20 anos, do Federal Reserve

O modo de produção capitalista parece andar conturbado. As manchetes dos jornais causam apreensão. A crise econômica internacional, que muitos economistas afirmavam ter acabado em 2010, se aprofundou nos últimos meses. A dívida federal do governo dos EUA passou de 9,2 trilhões de dólares em 2007 a 14,5 trilhões em 2011, o que corresponde a 100% do PIB. A dívida alcança nos países europeus a 63% do PIB da Espanha, 76,5% na Inglaterra, 81,7% na França, 93% em Portugal, 114% da Irlanda, 120% da Itália e 152% do Grécia.

Fruto das influências teóricas desenvolvida por Adam Smith em seu livro A Riqueza das Nações (1776), a política ditada pelo regime do “laissez-faire” e da “mão invisível”, que privilegiam poucos e excluem milhares, associada a sua incapacidade para garantir o emprego e a sua arbitrária e desigual distribuição da riqueza e dos rendimentos, unificou a classe trabalhadora na Europa. Diante disto, os trabalhadores têm protagonizado grandes lutas no enfrentamento a cartilha do Fundo Monetário Internacional, que é de arrocho salarial, aumento de impostos, demissões, corte de gastos públicos e austeridade fiscal. O poder público acaba aceitando uma ordem de prioridades que privilegiam alguns poucos atores, relegando a um segundo plano a sua imensa maioria. Com isso, no final, a crise provocada pela financeirização do capital, a beneficio de poucos, é jogada nas costas dos trabalhadores.

A partir daí, como diria o ex-presidente Lula “Nunca antes na história”, começou a surgir às greves gerais e manifestações na EUA, Grécia, Espanha, Grã-Bretanha, Portugal, Itália e outros. Sem considerar as revoluções nos países árabes, do norte da África, também é parte desse processo mundial, que além das lutas econômicas, brigam também por liberdades democráticas. De acordo com o livro do geógrafo Milton Santos, Por uma outra globalização, (2010, p.162) “Ė como se o feitiço virasse contra o feiticeiro.”

Num mercado avassalador onde a racionalidade do espírito capitalista cotidianamente se impõe como uma fábrica de perversidade, 800 milhões de pessoas espalhadas por todos os continentes passam fome. Dois bilhões de pessoas sobrevivem sem água potável. Um bilhão e meio de pessoas ganham menos de um dólar por dia e um número incalculável de refugiados. Ainda assim, o defensor do livre mercado Alan Greenspan, em seu livro, A Era da Turbulência, (2008, p.363) afirma que “No entanto, todas as evidências confiáveis indicam que os benefícios da globalização superam em muito sues custos, mesmo além das searas econômicas”.

Contrariando radicalmente a postura ideológica liberal de Greenspan, Milton Santos em seu livro A Natureza do Espaço, (2009, p.334) escreve que “[…] a globalização, em seu estágio atual, é uma globalização perversa para a maioria da humanidade”. Prova desta confirmação que em 2006, a Organização das Nações Unidas divulgou um estudo onde os 2% dos mais ricos do mundo possuem mais da metade da riqueza global enquanto os 50% mais pobres, 1% por cento.

A parti da crise por que passa hoje o sistema capitalista, em diferentes países e continentes, põe à mostra não apenas a perversidade, mas também a fraqueza da respectiva sustentação deste modo de produção.


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