Ministra das Mulheres conclama sociedade à luta contra misoginia
SINTESPE esteve presente no debate realizado no dia 20 de abril, na Câmara de Florianópolis
A união de esforços para combater o ódio, o machismo e a misoginia cada dia mais presentes em nossa sociedade foi a principal convocação do debate “Enfrentando a Violência Política”, que contou com a presença da ministra das Mulheres, Cida Gonçalves e aconteceu no dia 20 de abril, na Câmara Municipal de Florianópolis. O SINTESPE participou da agenda com a ministra em nosso Estado, sendo representado pelas diretoras Marilene Pereira, Mariléia Gomes, Claudete Gerhard, Sayonara de Araújo Pessoa e Juliana Andozio. A vinda da ministra a SC partiu do planejamento entre o Ministério das Mulheres e a Secretaria Estadual das Mulheres do PT. Em sua fala, Cida Gonçalves insistiu na necessidade de ampliação da presença de mulheres na política já que, atualmente, elas são apenas 15% nas assembleias legislativas e 12% nas câmaras municipais. “Faltam condições para as mulheres disputarem o poder”, destacou, citando levantamento que indica que quase 50% das mulheres pesquisadas não dispõem de recursos para enfrentarem uma campanha eleitoral e que outras 44% sofrem da violência política.
Cida Gonçalves disse que seu Ministério deve criar um canal de denúncias para combater a violência política contra as mulheres, por ser essa caracterizada como crime eleitoral, conforme o artigo 306 do Código Eleitoral. “Ameaçar e constranger a mulher é crime”, enfatizou a ministra. Ela também falou sobre a necessidade de todos combatermos o ódio nas mídias sociais. “Temos 35 milhões de seguidores do ódio nas redes sociais e a resposta a isso tem que ser coletiva, uma resposta da sociedade e conduzida pelo Ministério das Mulheres”. A ministra disse ainda que deve percorrer todos os Estados durante esse ano, para debater a luta contra a misoginia, a intolerância e o feminicídio. “Se eles estão vindo com ódio, nós vamos vir com a esperança”, resumiu, convocando também os sindicatos a enfrentarem a misoginia.
Em defesa da professora Juliana Andozio
A dirigente do SINTESPE e professora Juliana Andozio relatou à ministra a demais lideranças presentes ao debate toda a perseguição da qual tem sido vítima, na Escola Básica de Muquém, no bairro Rio Vermelho, em Florianópolis. Orientadora educacional no estabelecimento de ensino, Juliana vem sendo atacada devido as suas posições políticas e sua defesa intransigente da democracia e dos direitos humanos. “O papel do educador é contemplar todos os segmentos da sociedade na escola”, defendeu a educadora, pedindo por “paz nas escolas”. Juliana entregou à ministra um dossiê onde conta em detalhes todo o processo que culminou em seu afastamento por 15 dias e, agora, por mais 15 dias, sem remuneração. A perseguição partiu de um vereador que tem sua base eleitoral no bairro e por um deputado estadual, ambos bolsonaristas. No dia 27 de abril está previsto um grande ato, às 12 horas, na frente da Escola de Muquém, em defesa da professora Juliana.
Violência de gênero e de raça também foi destacada em cada pronunciamento e os assassinatos da vereadora do PSol do Rio de Janeiro, Marielle Franco, e de seu motorista Anderson Gomes foram lembrados, na insistência para que se responda à pergunta mais importante: “Quem mandou matar Marielle?” “Eles combinaram de nos matar, mas nós combinamos de não nos matarem”, falou a vereadora do PCdoB, em Criciúma, Giovana Mondardo. Já a ex-ministra dos Direitos Humanos, Ideli Salvatti reiterou que a violência política tem foco ideológico e atinge em especial as mulheres, com recorte de raça, gênero e de classe. “Temos que ter ação interministerial com estrutura e orientação às vítimas, uma campanha permanente de enfrentamento à violência nas redes sociais, isso são ações de governo” disse Ideli.
A deputada Luciane Carminatti falou sobre a importância da gestão do Estado, com a criação dos ministérios dos Povos Indígenas e Originários, dos Direitos Humanos e da Cidadania e das Mulheres, chamando a atenção para a aprovação de uma lei estadual em Santa Catarina, de sua autoria, que obriga as escolas públicas e privadas a contarem a história das mulheres catarinenses. E deixou como proposta de se assegurar mais mulheres no parlamento, por meio de um pedido de resolução que questione a paridade de gênero na política. “Mas também temos que debater a serviço de quem e para quem estão essas mulheres”, questionou.
Além da vereadora Carla Ayres e da deputada Luciane Carminatti, estiveram na mesa coordenadora do debate a vereadora Marlina de Oliveira, do PT de Brusque, a secretária das Mulheres do PT de SC, Maria Tereza Capra, que também teve seu mandato cassado, em São Miguel do Oeste, a vereadora Giovana Mondardo do PCdoB de Criciúma, e a ex-ministra Ideli Salvatti, hoje coordenadora do Movimento Humaniza SC.