Marcha das Margaridas reuniu 200 mil mulheres em Brasília
SINTESPE esteve representado por duas diretoras e outras quatro servidoras da base
As diretoras dos Aposentados e de Formação Sindical, Mariléia Gomes e Sayonara de Araújo Pessoa, mais as servidoras aposentadas Rosane Maria dos Santos Guedin, Maria das Graças Bitencourt e a funcionária Renata Monteiro de Souza representaram o SINTESPE na 7ª Marcha das Margaridas, que reuniu aproximadamente 200 mil mulheres da cidade, do campo, das florestas e das águas, em Brasília, nos dias 15 e 16 de agosto. Com o lema “Pela reconstrução do Brasil e pelo bem viver”, a Marcha 2023 marca os 40 anos da morte de Margarida Maria Alves, líder dos trabalhadores rurais da Paraíba, covardemente assassinada no dia 12 de agosto de 1983, no município de Alagoa Grande, sendo mais uma vítima do latifúndio brasileiro.
A caravana de Santa Catarina saiu do sul do Estado no dia 13 de agosto, de ônibus, custeado pela CUT sindicatos apoiadores. “O dia 15 foi marcado por uma agenda intensa de atividades, com abertura oficial no pavilhão do Parque das Cidades e as presenças de mulheres ativistas que lotaram o pavilhão para ouvir as lideranças, como as ministras do Meio Ambiente, Marina Silva, e da Cultura, Margarete Menezes, e a deputada Maria do Rosário (PT/RS)”, conta Sayonara, que organizou a caravana sul. “Durante o dia, várias exposições de artesanato de diversas partes do Brasil e atrações culturais regionais foram apresentadas, uma experiência única”, relata Sayonara.
A Marcha das Margaridas
A Marcha das Margaridas começou a ser realizada em 2000, sob a coordenação da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), pelas federações e sindicatos filiados e por 16 organizações parceiras, e é considerada a maior ação política de mulheres na América Latina. Sua realização se dá a cada quatro anos e é a primeira que acontece sob um governo democrático e popular desde que Dilma Rousseff foi retirada da presidência da República. Em 2019, sob Jair Bolsonaro, o evento foi mantido, porém, sem a entrega de pauta, devido à distância que separava aquele governo dos movimentos sociais.
“Da luta eu não fujo. É melhor morrer na luta do que morrer de fome”, discursou Margarida Alves em 1º de maio de 1983, então presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, sempre valorizando a educação como condição para a liberdade e defendendo direitos básicos para todos, como a carteira de trabalho assinada, 13º salário, jornada de trabalho de oito horas diárias, férias e o fim do trabalho infantil. Até hoje, nem todos os autores do crime contra Margarida Alves – uma execução com tiro no rosto, na frente dos próprios filhos – foram devidamente julgados.
Programação intensa
A 7ª Marcha das Margaridas abriu solenemente às 9 horas do dia 15, no plenário do Senado Federal, seguida da Plenária dos Povos – Mulheres da Amazônia pela justiça socioambiental e pelo bem viver, depois pela Plenária das Mulheres da agroecologia na tenda externa. Painéis Temáticos sobre o tema “Reconstrução do Brasil para o bem viver com participação política das mulheres: desafios e perspectivas”, “Soberania alimentar e agroecologia como o caminho para a superação da fome”, além de oficinas lúdicas de danças populares, batucada feminista, plenária da Juventude “Semeando bem viver e cultivando sucessão rural – Jovens Margaridas reconstruindo o Brasil”, Gira de Conversa sobre “As dimensões e repercussões da violência e suas formas de enfrentamento pelas mulheres do campo, da floresta e das águas”, “Mudanças climáticas e políticas públicas: como promover a justiça ambiental?” “O que é ser negra no Brasil: expressões do racismo e desigualdades étnico-raciais”, “Corpo e sexualidade: como lidar?”, “Terra e Território: violações de direitos humanos em situações de conflitos fundiários e o reconhecimento da autodeterminação dos povos” foram alguns dos temas em debate na Marcha das Margaridas 2023.