Vaza Jato e a “farsa de Araraquara”

Vaza Jato e a “farsa de Araraquara”

Paralelamente à derrota dos trabalhadores com a aprovação da Reforma da Previdência, às desastrosas políticas interna e externa, incidentes diplomáticos deploráveis, além da escandalosa entrega da BR Distribuidora ao capital internacional, o governo federal protagoniza um dos episódios mais estarrecedores da história recente da política mundial. Desde o dia 9 de junho, a série de informações divulgada pelo portal The Intercept Brasil – batizada de Vaza-Jato – vem revelando mensagens de texto, documentos e áudios que deixam clara a atuação ilegal do atual Ministro da Justiça, Sergio Moro e de procuradores da força-tarefa do Ministério Público Federal, sobretudo Deltan Dallagnol, que atuaram em conjunto para construir as acusações que levaram à prisão política do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva e garantiram que ele ficasse de fora da da disputa eleitoral à Presidência da República em 2018. A série de reportagens deixa clara a ação criminosa do então juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba, que interferiu de todas as formas para impedir a liberdade do ex-presidente e inclusive que pudesse falar à imprensa. Sergio Moro infringiu, com suas ações, o devido processo legal previsto na Constituição Federal, o Código de Ética da Magistratura, o Código Penal em seu Art. 254, além de dezenas de diplomas de direito internacional que versam sobre o assunto e dos quais o Brasil é signatário.

Independente de todas as informações comprometedoras que o jornal vem trazendo à tona e do desgaste do ministro e da operação Lava jato, que há algum tempo eram baluartes da moralização política, o capítulo mais recente – chamado de “a farsa de Araraquara” – é com certeza o de traços mais burlescos. A narrativa de que dois jovens “hackers” do interior de São Paulo teriam invadido os aparelhos celulares de Moro, Dallagnol e outras autoridades e que seriam eles as fontes das reportagens do The Intercept, no contexto de uma operação tendenciosamente chamada de “spoofing” pela Polícia Federal consiste, na verdade, num grande vexame para as instituições brasileiras e deixa nítido o desespero que assola o núcleo do governo. Erraticamente, procuram negar as evidências e promover, mais uma vez, uma campanha midiática que desinforma a população e procura sustentar Moro numa posição artificial de herói nacional. Missão difícil será essa de fazer crer que a já esfacelada Lava jato foi a saída para a reconstrução do país, quando nitidamente não passou de uma investida criminosa para varrer a oposição política e estabelecer um governo de medidas neoliberais, que ataca os direitos dos trabalhadores e entrega ao capital internacional os maiores recursos nacionais.