Tensão e tentativa de fuga

Tumulto e tentativa de fuga foram registrados ontem no Plantão de Atendimento Inicial (PAI), o antigo Pliat, no Bairro Agronômica, em Florianópolis. A unidade, que abriga adolescentes em conflito com a lei, vive dias de tensão. A Justiça vai sugerir abertura de sindicância para apurar denúncias de agressão física e verbal entre interno e funcionário.

A confusão de ontem – a segunda em uma semana – teria começado por volta das 8h quando agentes foram abrir os quartos (celas) de nove dos 10 jovens internados provisoriamente. Um deles vive isolado porque estaria ameaçado de morte pelos outros. A caminho do café da manhã no refeitório, adolescentes teriam xingado os agentes e um dos jovens teria jogado uma cadeira em cima de um funcionário.

– Ele me xingou, veio para cima de mim e me deu uma cadeirada – contou o funcionário, mostrando o arranhão na barriga.

O agente registrou boletim na 6a DP da Capital. Segundo outro agente, os adolescentes ameaçaram suas famílias, dizendo que sabem ondem eles moram. Depois de contidos e levados para os quartos, os meninos começaram a chutar as portas. O gerente da unidade, Júlio Olegário, teria sido chamado.

Durante a confusão, dois jovens teriam aproveitado uma porta aberta e tentado fugir pelo telhado, mas foram contidos pelos agentes.

Este foi o segundo tumulto no PAI em apenas uma semana. No dia 22, após 40 dias da reabertura da unidade, a Polícia Militar foi chamada para conter os jovens.

No último dia 23, agressões físicas e verbais teriam ocorrido entre um adolescente e um agente.

A Coordenadoria de Execução Penal e da Infância e da Juventude (Cepij) do Tribunal de Justiça de SC vai solicitar ao Ministério Público a apuração da agressão. A Secretaria de Justiça e Cidadania (SJC) também será comunicada. O Cepij vai sugerir que a secretaria abra uma sindicância para apurar as denúncias.

Os agentes relatam o clima de tensão e medo em que vivem. Disseram que já registraram cerca de 40 boletins de ocorrência na 6a DP, por agressão e ameaças. Um contou que três casamentos se desfizeram neste período de estresse.

– Hoje (ontem) saí do PAI e quase bati o carro, de tão nervoso que estava. Quando cheguei em casa, abracei meu filho de três anos e comecei a chorar – contou um agente.

Ele disse que tanto o Judiciário quanto o Executivo ouvem mais os jovens do que os agentes, e que ninguém toma providências para garantir a paz e a segurança no trabalho.

– A Ada de Luca (secretária de Justiça e Cidadania) nem vem aqui saber o que está acontecendo. Nos meus plantões, ela nunca apareceu – disse um funcionário.

O PAI havia sido fechado por determinação judicial, devido à infraestrutura inadequada e denúncias de tortura contra os adolescentes.


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