Protestos contra a corrupção no feriado de 7 de Setembro

No próximo dia 7 de setembro, Dia da Independência, pessoas de todo o Brasil ocuparão as ruas para protestar contra a corrupção. O movimento, que ganhou força depois da absolvição da deputada federal Jaqueline Roriz (PMN-DF), disseminou-se de forma instantânea depois que um grupo de brasilienses lançou a ideia do ato por meio do Facebook, há duas semanas. 

Até a noite de terça-feira, dia 30, mais de 9 mil internautas tinham confirmado presença.Em Santa Catarina, três cidades já marcaram seus encontros: Joinville, Jaraguá do Sul e Florianópolis, onde o evento deve atrair milhares de manifestantes depois que a estudante Júlia Herzmann Vieira, de 19 anos, engajou-se em ser a primeira a marcar o evento na Capital por meio do Facebook.
Ela, que é estudante de Turismo da Assesc (Associaçao de Ensino de Santa Catarina) e até então não se interessava tanto por política, planejou manifesto nos mínimos detalhes.
Escolheu o local, o Trapiche da Beira-mar Norte e o horário, das 14h às 17h. “Escolhi o trapiche porque é um local bem visível, onde muitas pessoas podem ver o movimento e se juntar no manifesto. Fizemos um check list do que iríamos precisar, quais pessoas teríamos que atingir para a divulgação, autorizações e segurança”, conta ela, que teve o apoio do coordenador do curso de Turismo da Assesc, Carlos Cappelini e de outros colaboradores como Bruno Negri.
Júlia Herzmann despertou para o tema depois de ver um filme na faculdade sobre os efeitos globais da política. Passou a dar mais atenção ao noticiário político, repleto de casos de corrupção. “Comecei a notar coisas que antes deixava passar batido. E aí é que começou a indignação maior em relaçao as falcatruas que estão fazendo com o povo”, reclama ela.

Promotor apoia a iniciativa

O ato contra a corrupção ganhou o apoio do coordenador da campanha nacional “O que você tem a ver com a corrupçao?”, idealizado pelo promotor Affonso Ghizzo Neto. Para ele, a mobilização popular é a maior arma para demonstrar revolta frente a casos como o da deputada Jaqueline Roriz, absolvida pela Câmara dos Deputados com uma larga vantagem de votos.
A deputada foi acusada de quebra de decoro após aparecer em vídeo recebendo dinheiro do operador do esquema de propina no governo do Distrito Federal, Durval Barbosa, quando era candidata a deputada distrital.  Ela foi absolvida por 265 votos contra a cassação, 165 a favor e 20 abstenções. “O ato do dia 7 servirá para mostrar que a sociedade quer dar um basta. Que não quer mais este tipo de coisa”, disse ele, lembrando que o evento também deve servir para refletir sobre o sentimento de impunidade provocado pelo caso da deputada. “Será que o voto não fosse secreto ela seria absolvida? Acho que não. Afinal, os deputados iriam ter que enfrentar a opinião pública”, avalia ele.

Luta contra a impunidade

O promotor Affonso Ghizzo Neto também questiona porque a maioria dos deputados votou contra a cassação, 265. O primeiro grupo, avalia ele, envolve os parlamentares que também respondem a processos e podem, no futuro, viver a mesma situação. “Não querem abrir um procedente”. O segundo grupo não tem rabo preso com a Justiça, mas poderá tirar vantagens da manobra. “São as eventuais negociações por cargos, por exemplo”, avalia ele, que pede que o sentimento de impunidade não desanime. “Este sentimento acaba sendo um mecanismo de continuidade da própria impunidade. A realdiade está submetida à interferência do poder das massas. Quando mobilizada transforma”, observa.


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