NOTA DE REPÚDIO: Não nos curvaremos às ameaças e perseguições
O SINTESPE manifesta seu mais veemente repúdio diante dos últimos acontecimentos de violência contra vereadoras, exploração de trabalho análoga à escravidão, de ameaças de morte contra sindicalista e perseguição sistemática ao direito de cátedra de professoras, em nosso Estado. Não por coincidência, esses ataques – feitos de maneira covarde e traiçoeira, sem que possamos identificar os agressores – estão sendo direcionados em sua maioria contra as mulheres, em pleno mês de celebração ao 8 de março – Dia Internacional da Mulher. Não nos calaremos nem recuaremos um passo até que fascistas, reacionários, retrógrados sejam responsabilizados e punidos.
Um desses casos envolve a diretora do SINTESPE, Juliana Andozio, professora na Escola de Educação Básica de Muquem, no Rio Vermelho, em Florianópolis, que vem sendo sistematicamente perseguida em virtude de suas convicções políticas e ideológicas, inclusive com punição de afastamento das suas funções. Que fique registrado todo o nosso protesto contra o governo bolsonarista de Jorginho Mello que, sob o manto da impunidade e do retrocesso, procura impor o pensamento único na Educação de Santa Catarina. Assim como expressamos a nossa solidariedade de classe à professora e dirigente sindical Juliana Andozio, diante de tamanho abuso, emitimos uma Moção de Apoio e Repúdio, encaminhada ao governador do Estado, ao secretário de Estado da Educação, ao presidente da Assembleia Legislativa de SC, bem como à direção da Escola Básica Muquem.
Como tragédia pouca é bobagem, na quarta-feira (1º), o Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Joinville e Região (Sinsej) denunciou a existência de trabalho análogo à escravidão em uma obra do Centro de Bem-Estar Animal, de responsabilidade da Prefeitura daquele município. O Sindicato constatou o fato in loco, denunciou o caso ao Ministério Público do Trabalho, e a Administração do prefeito Adriano Silva, do partido Novo, suspendeu as obras da empresa terceirizada – embora tenha feito vistas grossas durante um bom tempo em relação aos maus tratos contra os trabalhadores, obrigados a comer dentro do canil, sentados no chão e serem transportados ao local de trabalho em caminhão baú, sem qualquer ventilação. Como consequência das denúncias, outro abuso: o repórter Leandro Schmitz, autor da reportagem, foi demitido do jornal “folha metropolitana”, no mesmo dia (1º).
Para completar a sequência de absurdos, a presidente do Sinsej, Jane Becker, foi ameaçada de morte por um motoqueiro que a abordou no trânsito, em um semáforo, enquanto se dirigia para o Sindicato, perguntando se ela queria morrer: “se não quer morrer, para de se meter onde não deve”, teria dito o bandido, em alusão à denúncia contra o trabalho análogo à escravidão na Prefeitura de Joinville. O caso foi registrado em Boletim de Ocorrência na Delegacia de Polícia, no entanto, Jane Becker sofreu uma crise de ansiedade e teve de ser hospitalizada – as consequências emocionais do episódio são imprevisíveis, embora a presidente do Sinsej passe bem. O que fica marcado em nós, militantes sociais que defendemos a vida e somos contra a violência, frente a esses fatos aterradores, é o sentimento de indignação. Exigimos a criteriosa apuração da ameaça sofrida pela dirigente sindical de Joinville e a punição do ameaçador covarde. Não nos curvaremos a nenhuma tentativa de calar a voz dos defensores e defensoras dos Direitos Humanos!