Nota de repúdio: A imprensa tenta governar mesmo sem ter sido eleita

Nota de repúdio: A imprensa tenta governar mesmo sem ter sido eleita

A Secretaria do Tesouro Nacional informou, no dia 13 de novembro, a lista dos estados que superaram o limite de gastos com pessoal previsto na Lei de Responsabilidade Fiscal. O limite de comprometimento com as despesas previsto em Lei é de 60% e Santa Catarina chegou ao percentual de 60,57%.

Se valendo desses dados, a emissora NSC iniciou uma campanha intensa e oportunista, veiculando reportagens de tom sensacionalista em pelo menos dois de seus telejornais. Foram dedicados entre cinco e seis minutos de tela para sugerir que o servidor e os serviços públicos são os responsáveis pelo percentual ter chegado a esse patamar.

No centro do ataque estão os triênios, licença-prêmio e demais gratificações. “Para ajustar esse percentual só tem dois jeitos: ou aumenta a receita líquida ou se cortam os gastos com pessoal. Esses cortes não se dão apenas com exonerações, mas também com alteração de benefícios em vigor atualmente”, sugere o texto lido pelo repórter em uma das reportagens exibidas.

O SINTESPE manifesta publicamente o seu repúdio frente a essas declarações irresponsáveis, sem contraponto e com sugestões de tom alarmista para colocar a sociedade contra os servidores e o serviço público. Os dados do Tesouro Nacional traduzem sim o déficit nas relações fiscais de Santa Catarina, mas o problema vai muito além desta rasa e redutiva interpretação dos dados pela já mencionada emissora, que esconde a real situação do aumento deste percentual.

Apenas para citar alguns exemplos: convenientemente é esquecido de mencionar que os benefícios fiscais concedidos a empresas privadas, sem nenhuma contrapartida, já ultrapassa a casa de R$ 6,3 bilhões. Ou então nos cargos comissionados, muitas vezes ofertados em troca de favores políticos, ou ainda os supersalários, legitimados por parlamentares, que também auxiliam para que essa conta fique prejudicada. Isso sem falar do impedimento de gestores que barram a realização da auditoria da dívida pública, para não evidenciar existência de irregularidades já comprovadas.

Nosso repúdio é pela informação tendenciosa e que privilegia apenas um lado dessa situação. É pelo comportamento não-isento desta imprensa irresponsável, que sequer consultou qualquer sindicato para oferecer um contraponto. É por essa imprensa que tenta governar sem ter sido eleita e joga para o servidor e o serviço público a culpa por essa conta não fechar. O questionamento que fica é novamente o do real papel dos meios de comunicação de massa na construção de um cenário mentiroso e tendencioso.

 

Publicado em 14/11/18