Greve heroica nos Correios
Depois de 28 dias de greve, os trabalhadores nos Correios terminaram seu movimento de cabeça em pé e com conquistas parciais.
A postura anti-sindical da direção da ECT, bancada pelo ministro das Comunicações e pelo próprio governo federal, de negar-se a negociar com a categoria em greve e descontar dias parados, não conseguiu arrefecer o movimento. Ao contrário, a força da greve obrigou o presidente dos Correios Wagner Pinheiro a voltar à mesa de negociação.
Diante do impasse, pois os trabalhadores rejeitaram a nova proposta da empresa, pois ela insistia no desconto dos dias parados, o dissídio foi à Justiça do Trabalho.
Numa vitória moral dos trabalhadores, os juízes não tiveram como dizer que a greve era abusiva ou ilegal, mas, contraditoriamente, mandaram descontar 7 dias (a ECT já tinha descontado 6 e queria descontar todos os dias de greve) e compensar os outros 21 dias de paralisação.
Na parte econômica, a greve obrigou o governo a aumentar a proposta de aumento linear de 50 reais para 80 reais, com reajuste de 6,89%, melhorando também o ticket.
QUE BALANÇO TIRAR?
Ficou evidente que a política do governo Dilma, alegando o repique da crise mundial, de endurecer as negociações salariais nas empresas e serviços públicos é que foi o pano de fundo da postura intransigente e anti-trabalhador da ECT e Ministério!
Não foi para isso que os trabalhadores votaram neste governo e é hora de exigir que ele aplique outra política, uma política que priorize salário e emprego para defender o Brasil dos efeitos da crise do capitalismo mundial, e não a atual política de juros altos e benefícios aos grandes empresários privados!
A força da classe trabalhadora, com suas organizações como a Fentect e a CUT – cuja Plenária nacional realizada entre 4 e 7 de outubro apoiou incondicionalmente as greves dos Correios e dos companheiros bancários – é que pode exercer a pressão necessária sobre o governo Dilma para que adote outra política!
A começar por interromper a tramitação do PLV 21 (ex MP 532), que abre a via pra a privatização com a proposta de Correios S/A.
É preciso evitar agora o canto da sereia da divisão da categoria entre “governistas” e “oposicionistas”, afinal todos são trabalhadores da ECT e todos fizeram greve contra a direção da empresa e o governo que a orienta.
Os que propõem rachar a FENTECT, ligados à Conlutas, confundem sindicato com partido político, e assim prestam um desserviço à toda a categoria.
Esta histórica greve demonstrou também que não se pode continuar organizando as campanhas salariais a partir de um Comando nacional constituído de 7 dirigentes a partir de um loteamento entre tendências. Não, um Comando tem que ser a expressão do movimento real que se expressa nas bases, eleito nas assembleias de grevistas e por eles controlado.
É preciso que a FENTECT tenha um funcionamento que privilegie as instâncias sindicais, e não os grupos políticos, para que a unidade e o respeito às decisões das bases prevaleçam.
Essa é a nossa contribuição para o necessário balanço da greve de 28 dias nos Correios!