CUT discute ampliação da participação dos jovens no movimento sindical

CUT discute ampliação da participação dos jovens no movimento sindical

Jovens sindicalistas e educadores sindicais de 23 estados  e de quatro ramos de atividades da CUT estão em São Paulo participando do “1º Encontro do Projeto Educação Sindical e Organização de Jovens Trabalhadores e Trabalhadoras no Brasil”.

A atividade, que começou nesta segunda-feira (2) e vai até a próxima quarta-feira (4), no Instituto Cajamar, tem como principal objetivo aproximar o sindicalismo CUTista da juventude trabalhadora e ampliar a participação dos jovens nas estruturas sindicais.

Um acordo de cooperação entre a CUT e a Confederação dos Sindicatos Alemães (DGB), viabilizou este projeto que termina em 2020 e prevê atividades de formação de novas lideranças sindicais em todo o país. Primeiro, tem esse encontro nacional em Cajamar, depois serão realizadas atividades regionais e, para encerrar, outra atividade nacional.

“Os jovens que sairão desta atividade terão a responsabilidade de levar esse projeto de organização e formação para os quatros cantos do Brasil”, disse a nova secretária nacional da Juventude da CUT, Cristiana Paiva.

Segundo ela, a participação efetiva dos jovens CUTistas será fundamental para o sucesso do projeto, pois “até 2020 esses jovens sindicalistas estarão ocupando funções importantes e de responsabilidades dentro da maior central sindical do País”, disse Cristiana, trabalhadora rural de Roraima.

ALEXANDRE BENTOAlexandre Bento
Mesa de abertura do

1º Encontro do Projeto Educação Sindical e Organização de Jovens Trabalhadores e Trabalhadoras no Brasil

De olho na população jovem trabalhadora

Segundo dados da PNAD-IBGE 2016, o Brasil tem 51,6 milhões de pessoas na faixa-etária considerada jovem (18 a 29 anos) e o auge será em 2020.

Esse é o público alvo do projeto. Segundo o diretor para a América Latina da DGB, Niklaas Hofmann, os jovens serão cruciais para o futuro dos sindicatos e da organização dos trabalhadores brasileiros, especialmente depois do golpe de 2016 que vem atacando os direitos sociais e trabalhistas.

Ele disse que a DGB escolheu o projeto CUTista porque considera o trabalho da CUT com os jovens  fundamental para o futuro do sindicalismo brasileiro.

“Sabemos do desafio que o Brasil e os trabalhadores brasileiros terão no próximo período com os retrocessos no mundo do trabalho e também político. Os jovens serão cruciais para o futuro dos sindicatos e da organização dos trabalhadores”, afirmou Niklaas.

Para ele, a juventude precisa conhecer a história do movimento sindical para transformar o atual momento e a formação tem papel fundamental.

“O futuro do trabalho e a escravidão moderna são temas que precisam ser discutidos pelos jovens trabalhadores. E eles [os jovens] precisam rediscutir a organização dos trabalhadores baseado na história do movimento sindical e, para isso, os educadores tem papeis fundamentais”.

ALEXANDRE BENTOAlexandre Bento

Para o secretário-geral da CUT, Sérgio Nobre, a cooperação internacional é fundamental para o renascimento do movimento sindical. O dirigente comparou a atual participação da DGB na formação de jovens sindicalistas com a parceria dos trabalhadores alemães e o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC na ditadura militar.

“Naquela época, vivíamos a terceira revolução industrial e aprendemos muito com a experiência dos alemães. E agora, com a quarta revolução avançando, o movimento sindical brasileiro tem muito que aprender com a Alemanha, que já está passando por essa transformação”, disse Sérgio Nobre.

“Para o projeto de formação e organização dos jovens ter um resultado ainda melhor, é preciso ter outro trabalhador comandando os rumos do País”, disse o secretário-Geral se referindo à importância das eleições deste ano.

Segundo Sérgio, na ditadura fizeram de tudo para destruir a CUT antes mesmo da Central nascer porque a elite não queria que a classe trabalhadora se organizasse.

“Esse governo golpista, aliado a parte do empresariado e das universidades, está discutindo o futuro do trabalho sem a participação dos trabalhadores. É muito importante vencermos a eleição para participar da discussão deste processo que está mudando as relações de trabalho”.

A secretária Cristiana Paiva também reforça a importância entre a luta contra os retrocessos e a formação de jovens sindicalistas.

“Temos que resistir aos retrocessos deste governo golpista e disseminar o envolvimento da juventude trabalhadora nos sindicatos”.

Cristiana explica que a ideia principal deste projeto “é que a juventude trabalhadora possa contribuir com uma sociedade mais igualitária e justa, em que os jovens tenham suas demandas atendidas, direitos garantidos e ampliados para toda a classe trabalhadora”.

Programação do

“1º Encontro do Projeto Educação Sindical e Organização de Jovens Trabalhadores e Trabalhadoras no Brasil”

Além da secretaria da Juventude da CUT e a parceria com a DGB, outras secretarias CUTistas contribuíram para a construção e execução deste projeto: a secretaria de Formação e de Relações Internacionais.

Segundo o secretário de Relações Internacionais, Antonio Lisboa, a juventude da CUT terá três grandes principais desafios: a responsabilidade de levar para toda base CUTista esse projeto de organizar e formar os jovens para o movimento sindical; debater e deliberar sobre o futuro do trabalho e as novas tecnologias; e, por último, assumir a ousadia dos fundadores da central para dar continuidade na luta da CUT.

”A juventude trabalhadora precisa se reorganizar com as imensas mudanças no mundo do trabalho, com a inserção de robôs e a digitalização das coisas, no qual muitos trabalhadores perderão postos de trabalho e surgirão outros”.

“Além disso, os jovens precisam se preparar para a transição de dirigentes CUTistas, com ousadia e coragem que outros jovens, como Lula, tiveram na década de 80 para fundar a maior central sindical brasileira”, destacou Lisboa.

A secretária-adjunta de Cultura da CUT, Annyeli Damião Nascimento, destacou que além da transformação do movimento sindical, a juventude também terá uma enorme responsabilidade nas próximas eleições.

“Além da responsabilidade de reencantar os jovens trabalhadores para o movimento sindical e fortalecer a luta por direitos, temos o desafio de politizar nossos pares, que criminalizam a política e que, em sua grande maioria, tem a pretensão de votar em pessoas que defendem a retirada de direitos e não se importam com os jovens, nem com as mulheres e muito menos com os negros”.

“Temos que contar uns com os outros para garantir a volta da democracia e a liberdade do Lula, que sofre na pele a perseguição política e a injustiça”, diz Annyeli.

Lula é a esperança da classe trabalhadora

– Annyeli Damião Nascimento

Nos próximos dias, os jovens sindicalistas vão discutir o diagnóstico da participação dos jovens nos estados, analisar os dados sobre mercado de trabalho, debater a transição escolar, o futuro do trabalho e juventude e ideologia.

Dia 10 de agosto

O secretário-Geral da CUT, Sérgio Nobre, destacou a importância da mobilização da juventude para o dia do Basta, 10 de agosto.

“Estamos fazendo plenárias interestaduais para organizar o dia 10 e queremos que seja a maior greve que o país já fez para mostrarmos que não aceitaremos mais retrocessos e que precisamos de um presidente que mude os rumos da política brasileira”.

ALEXANDRE BENTOAlexandre Bento
Cristiana Paiva

Nova secretária de Juventude da CUT

Edjane Rodrigues deixou a direção da CUT para assumir a  secretaria de Políticas Sociais da Confederação dos Trabalhadores da Agricultura Familiar (Contag) desde o ano passado.

Cristiana Paiva, a nova secretária, tem 26 anos e foi criada pelos avós agricultores familiares na cidade de Caroebe, localizada há mais de 300 km da capital Boa Vista. No movimento sindical desde 2012, Cristiana é presidenta do Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura Familiar de Caroebe e secretária de Juventude da CUT de Roraima. Além disso, ela é estudante do curso de Educação do Campo e demandas dos Movimentos Nacionais de Camponeses da Universidade Federal de Roraima (UFRR).

A DGB

A DGB, Confederação dos Sindicatos Alemães, fundada em 1949, representa mais de 8 milhões trabalhadores em 16 ramos sindicais  A DGB BW é a escola de formação da Confederação, que, no Brasil, atua para  ajudar na formação de sindicalistas brasileiros, no fortalecimento das redes intersindicais e no estreitamento da relação sindical entre Brasil e Alemanha.


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