Com 239 agrotóxicos aprovados, Governo Bolsonaro envenena população para agradar agronegócio
Médica sanitarista e engenheira agrônoma criticam política de incentivo ao uso de agrotóxicos que, no final do mês de junho, liberou o registro de mais 42 substâncias
Já chega a 239 o número de registros de “novos” agrotóxicos liberados pelo Ministério da Agricultura, em seis meses de governo Bolsonaro. Nesta segunda-feira (24), um novo lote com 42 substâncias ganhou aval de uso nas lavouras brasileiras, somando-se ao total de 197 agrotóxicos registrados até maio. A decisão foi publicada no Diário Oficial da União (DOU). De acordo com o órgão, 29 produtos listados são composições genéricas de princípios já legalizados, outras 12 são substâncias já prontas para serem aplicadas na agricultura, e apenas um produto traz um ingrediente ativo novo.
Médica sanitarista, Telma Nery avalia com preocupação o número crescente de liberações. Em entrevista à repórter Dayane Ponte, do Seu Jornal, da TVT, Telma destaca que o possível uso combinado de agrotóxicos nas plantaçõese traz ainda mais riscos à saúde da população. “Algumas dessas substâncias são comprovadamente nocivas ao corpo humano, especialmente para fígado e doenças neurológicas. Agora, uma coisa importante, é que a gente as conhece isoladamente, mas as substâncias são usadas, em sua imensa maioria, em conjunto. E nós não sabemos quais são os efeitos desse coquetel, dessa junção de substâncias”, explica.
O Ministério da Agricultura justifica que a liberação pode aumentar a concorrência na produção de pesticidas e, por consequência, baratear o custo dos alimentos para o consumidor final. A médica sanitarista, no entanto, discorda dessa avaliação e diz que o aumento no número de agrotóxicos implica também na ampliação de seu uso. “A expectativa de baratear pode representar um aumento das doenças que nós já estamos vivendo hoje”, afirma.
Para a engenheira agrônoma Carla Bueno, o incentivo do governo a esses agentes químicos responde a uma política que visa beneficiar o agronegócio em detrimento da agricultura familiar e da produção de alimentos orgânicos. “Isso dificulta ainda mais um projeto alternativo ao modelo de produção baseado no veneno.”
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Fonte: RBA