Governo incentiva armamento ao utilizar o turismo como álibi
Para que serve a Rota Turística do Tiro?
Santa Catarina é um estado conhecido internacionalmente por suas belezas naturais e por sua excelente gastronomia, que atraem milhares de turistas em todas as épocas do ano. Prova disso são as inúmeras rotas turísticas criadas ao longo dos anos com o objetivo de valorizar as potencialidades e a cultura de cada região. Temos a Rota do Sol, da Amizade, da Cerveja, o Caminho dos Príncipes, o Vale Europeu, a Costa Esmeralda, Litoral Norte, Caminhos do Sul. E recentemente fomos surpreendidos com uma nova rota turística: a Rota do Tiro, que envolve 11 cidades de Santa Catarina, já conhecidas por serem sedes de Sociedades de Atiradores, entidades criadas há décadas para enaltecer a prática do tiro ao alvo, em honra aos imigrantes alemães que gostavam de caçar e atirar.
Santa Catarina figura como o terceiro Estado em compra de armas de fogo pela população civil, perdendo apenas para o Rio Grande do Sul e Minas Gerais. Hoje, há mais armas de fogo nas mãos de civis do que nas próprias forças de segurança do aparelho repressivo do Estado brasileiro. Com a flexibilização na compra e posse de armas durante os mais de três anos de Bolsonaro na Presidência, a compra e o registro de porte de armas de fogo no país cresceram 474%. Alguém duvida que isso resulta em mais violência? E as vítimas, em sua imensa maioria (80%) serão jovens negros da periferia. Os pobres estão morrendo.
Diante desse quadro, para que serve a criação de uma rota turística do Tiro em Santa Catarina? Incentivar a prática do tiro no momento em que a flexibilização do acesso à compra e porte de armas tem causado tantas mortes não parece uma boa ideia. Apoiar através do turismo o uso de armas é uma forma de incentivar e promover a violência. A gente sabe que em Santa Catarina está concentrado um grande número de armas, adquiridas pelos Clubes de Caçadores, Atiradores e Colecionadores (CACs). Não nos parece saudável e civilizado armar a população e usar o turismo como álibi. O governador Moisés – confiscador de 14% dos salários de aposentados e pensionistas – deveria se preocupar em educar a população, não em armas.