8 de março une mulheres do país contra o governo da fome, do machismo e do racismo
Mulheres dos quatro cantos do país se unem neste 8 de março em marcha pela vida e contra o governo da morte
Depois de dois anos de pandemia, as manifestações pelo Dia Internacional das Mulheres voltam a ocupar as ruas em todo o país neste 8 de março. Os atos trazem um grito importante em um ano eleitoral: “Pela vida das mulheres, Bolsonaro nunca mais – sem fome, sem machismo e sem racismo”. No manifesto publicado em 14 de fevereiro, a Articulação Nacional de Mulheres Bolsonaro Nunca Mais, formada por mais de 50 entidades e organizações, deu o tom deste 8 de março.
De acordo com Rebeca Isler, integrante do Coletivo Juntas! da capital de São Paulo, a intenção é abordar o descontentamento com este governo, além de reunir e sintetizar várias pautas importantes. “A expectativa é que a gente não só consiga encher as ruas, queremos a saída do Bolsonaro o quanto antes e acreditamos que é o poder da população que vai fazer com que isso aconteça, principalmente das mulheres”, explica.
Para Michela Calaça, coordenadora nacional do Via Campesina pelo Rio Grande do Norte e integrante da Articulação Bolsonaro Nunca Mais pelo Movimento de Mulheres Camponesas, tirar o Bolsonaro da presidência é o primeiro passo para pensar uma construção minimamente democrática.
“Quanto mais problema econômico, quanto mais faltar a democracia, quanto mais violência, mais a vida das mulheres é precarizada. Por isso, Bolsonaro Nunca Mais é a primeira pauta, é pela vida das mulheres”, defende Calaça.
A convocatória também levanta outras bandeiras como o fim do racismo e do genocídio; a luta contra a fome, a pobreza e a carestia; o combate ao desemprego; pela igualdade de salários e direitos; contra as privatizações dos serviços públicos, principalmente do SUS; a legalização do direito ao aborto seguro e gratuito.
Conforme Calaça, um dos papéis históricos do Dia Internacional das Mulheres é trazer às ruas demandas importantes do feminismo. “É o momento das mulheres colocarem seus projetos em discussão com a sociedade, denunciar a violência, exigir políticas públicas, dizer que precisamos participar de diferentes espaços”.
Esta construção do 8 de março em nível nacional vem se fortalecendo ao longo dos últimos anos, impulsionada principalmente pelo movimento 8M desde 2017, e campanhas como o “Fora Cunha”, em 2015, e o “Ele Não”, em 2018. E em 2021, foi consolidada a Articulação Nacional de Mulheres Bolsonaro Nunca Mais, que realizou atos pelo impeachment em diferentes cidades no dia 4 de dezembro.
Segundo Rebeca Isler, a construção unificada dos atos é facilitada porque os coletivos que participam da organização possuem núcleos regionais como, por exemplo, o Coletivo Juntas!. “Isso contribui não só para o 8M, mas para a luta de um programa maior do que a gente, a construção do mundo que a gente quer”, explica.
FLORIANÓPOLIS RELEMBRA ELZA SOARES EM 8M
Em Florianópolis, capital catarinense, o mote que vai impulsionar a marcha internacional das mulheres é outro. “Da terra aos nossos corpos: respeitem nossas histórias” é o lema desta edição, que rememora Elza Soares.
“Este 8M vem com uma intenção de acolhida e afeto, traz o olhar da Elza para as mulheres negras, para o planeta fome, a violência contra a mulher, mas também traz a poesia, o gingado e a malemolência característicos da cantora”, comenta Cirene Cândido, do Coletivo Negras Petistas e integrante da Frente 8M em Florianópolis.
O destaque para a terra, o corpo e as histórias permite tratar de diferentes questões importantes ao feminismo como a luta contra o assassinato e o estupro de mulheres e meninas; as invasões, queimadas, desmatamento e envenenamento de terras indígenas, quilombolas e de famílias agricultoras; o genocídio da população negra; os direitos da população de rua.
A frente que constrói o 8M em Florianópolis definiu há algumas edições que nenhum nome masculino ganharia visibilidade. Por isso, diferente do manifesto nacional, a rejeição ao governo de Bolsonaro aparece somente no texto da convocatória. Para Cândido, não há como ignorar o processo eleitoral.
“Vivemos uma pré-eleição e precisamos estar nos espaços de decisão, as nossas pautas precisam estar lá e nós precisamos apresentar e defendê-las. Nós somos um movimento político e, por isso, não vamos sucumbir ao governo genocida do Bolsonaro”.
As cidades de Chapecó, Joinville, Lages, Blumenau, Caçador e São Miguel do Oeste também vão aderir às manifestações. Além da tradicional marcha, em algumas localidades haverá rodas de conversas, panfletagem, palestras e feiras.
MULHERES DA AMÉRICA LATINA GRITAM CONTRA A VIOLÊNCIA, A PRECARIZAÇÃO E A GUERRA
Na Argentina, o coletivo Ni Una Menos fez uma convocatória destacando a importância de recuperar as ruas depois de dois anos de pandemia.
“Sabemos que estivemos nas ruas, conquistamos o direito ao aborto, mantivemos muitas redes de cuidado coletivo, de acompanhamento, transfeministas, mas precisamos que esta paralisação feminista transborde, que seja de encontro, que demonstremos a força multitudinária que o movimento feminista sabe convocar”, explica a integrante do Ni Una Menos, Verónica Gago.
Em nível latino-americano e internacional, as Feministas Transfronterizas e a Essential Autonomous Struggles Transnacional (EAST) emitiram um comunicado depois de uma assembleia que reuniu países da América Latina e da Europa do Leste.
A convocatória chama às ruas contra a guerra e o imperialismo. “Hoje, diante da guerra na Ucrânia, queremos lembrar que o conflito é o reflexo mais explícito das violências de Estado, da violência patriarcal, racista e especista que afeta nossos territórios e nossos corpos”, destaca o documento.
ATIVIDADES NO BRASIL (INFORMAÇÃO OFICIAL DA MARCHA DAS MULHERES)
Sul
Porto Alegre (RS) – 18h, na Esquina Democrática
Caxias do Sul (RS) – 18h, na Praça Dante
Curitiba (PR) – 16h30, na Praça Santos Andrade
Guarapuava (PR) – 17h, no Terminal da Fonte
Foz do Iguaçu (PR) – 17h, em frente ao Bosque Guarani (TTU)
Sudeste
São Paulo (SP) – às 16h, no MASP
Campinas (SP) – 16h, no Largo do Rosário
Belo Horizonte (MG) – 16h30, Na Praça da Liberdade
Juiz de Fora (MG) – 17h, na Praça da Estação
Uberlândia (MG) – 16h30, na Praça Ismene
Divinópolis (MG) – 15h30, no quarteirão fechado da rua São Paulo
Rio de Janeiro (RJ) – 16h, na Candelária
Centro-Oeste
Brasília (DF) – 17h, no Museu da República
Campo Grande (MS) – 8h, na Avenida Afonso Pena com a 14 de Julho
Goiânia (GO) – 9h, na Catedral com encerramento na Praça do Trabalhador
Norte
Manaus (AM) – 16h, entorno da Delegacia Especializada de Combate à violência Contra Mulheres
Belém (PA) – 17h, na Praça da República
Ananindeua (PA) – 7h, na DEAM, Cidade Nova 5, We 31, 1112
Nordeste
Maceió (AL) – 8h, na Praça dos Martírios
Recife (PE) – 15h, no Parque 13 de Maio
Mossoró (RN) – 16h, na Praça da PAX
Natal (RN) – 14h30, na Praça Gentil Ferreira
Salvador (BA) – 14h, na Praça do Campo Grande
São Luís (MA) – 15h, na Praça Deodoro
Aracaju (SE) – 9h, na Reserva da Mangaba
Fortaleza (CE) – 13h, na Praça do Ferreira
ATIVIDADES EM SC
8 de março:
Chapecó – Mobilização na Praça Central, das 9h às 13h, com atividades culturais, música e ato político
Florianópolis – A partir das 13h haverá tenda cultural com panfletagem, performances e rodas de conversa. Às 17h começa a concentração para a marcha que inicia às 18h
Joinville – Ato na Praça da Bandeira, às 18h
Lages – Feira, distribuição de materiais educativos, rodas de conversas, palestras e atividades culturais das 9h às 17h na Associação de Moradores e Amigos do Bairro Popular
São Miguel do Oeste – Ato na Praça Municipal Walnir Bottaro Daniel, às 9h
Outras datas:
Blumenau: 11/3 (sexta-feira) – Ato público pela vida das mulheres, Bolsonaro Nunca Mais | 18h30, no Parque Ramiro Ruediger
Caçador: 12/3 (sábado) – Distribuição de materiais informativos e apresentações culturais | 9h, no Largo Caçanjurê
Se sua cidade não estiver listada, envie a informação para [email protected]. Também vamos receber registros fotográficos e outras informações dos atos neste email.
** Reportagem atualizada em 08/03/2022 às 11h.
Tags: 8 de março, 8M, movimento de mulheres, movimento feminista
Fonte:
https://catarinas.info