1º DE MAIO: SOMOS TRABALHADORES E TRABALHADORAS!

1º DE MAIO: SOMOS TRABALHADORES E TRABALHADORAS!

Hoje, 1º de maio, quando se comemora 100 anos da Proclamação do Dia Internacional dos Trabalhadores, a classe trabalhadora se vê frente a uma das mais fortes investidas de ataques e retiradas de direitos já vista. A pandemia do novo coronavírus intensificou uma crise que irá superar de longe a recessão de 2008/2009.  O superministro da Economia de Bolsonaro, Paulo Guedes, surge como um sequestrador que pede resgate. Atendendo apelo de inúmeros governadores e prefeitos, a começar pelo Carlos Moisés (SC)  e Gean Loureiro (Florianópolis), com o aval declarado dos presidentes do Congresso Nacional, Bolsonaro está para liberar ajuda financeira mediante acordo de congelamento de salários dos servidores públicos federais, estaduais e municipais pelo prazo de 18 meses. O ministro banqueiro, que já se dirigiu aos servidores como se fossem “chupins da Nação”, acaba de acusar os servidores de estarem “trancados em casa assistindo à crise com a geladeira cheia”. A ideia parece ser esvaziar as geladeiras de todos os trabalhadores e encher ainda mais os bolsos  dos banqueiros e especuladores.

Moisés e Bolsonaro: unidos para atacar direitos

Em Santa Catarina, o governador Moisés saiu na frente no que diz respeito a fustigar os servidores públicos, que já amargam na pele um congelamento de quase uma década. Proibindo, de forma inconstitucional, qualquer reajuste ou progressão e direitos como terço de férias, diárias e até valores retroativos já programados até o final de 2020. O bombeiro militar,  que gosta de posar de anti-bolsonarista, mostra que na hora de atacar o servidor público ele e Bolsonaro são almas gêmeas. Soma-se, ainda, a concessão compulsória das férias aos servidores que deixaram de comparecer aos locais de trabalho por força de decreto do próprio governo e aos quais não foi concedida a possibilidade de trabalho remoto.

Se por um lado o governo Moisés se mostra bastante atrapalhado no combate ao coronavírus, com processos licitatórios milionários pra lá de mal explicados, por outro as medidas de retomada econômica são tão incompreensíveis quanto as de Paulo Guedes, atirando na lama o poder de compra dos trabalhadores do serviço público que, inclusive, estão na linha de frente nesta guerra contra a morte e pela saúde dos catarinenses.

Ficar do lado certo: de quem luta

Em pleno 1º de Maio, vivenciamos desafios históricos. Pela primeira vez não teremos a convocação de atos de massa e de protestos unitários reservados a denunciar e exigir condições melhores de vida, emprego, salário e direitos sociais. O enfrentamento à pandemia impõe a responsabilidade de colocar a proteção à vida acima de tudo. 

O SINTESPE se solidariza com a classe trabalhadora do Brasil e do mundo. Ao mesmo tempo, é incompreensível e inaceitável que a direção da CUT junto com outras Centrais, se disponha a realizar, no dia de hoje, um Ato Nacional virtual tendo como um dos convidados o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o “Senhor das Privatizações”, defensor de primeira hora das reformas trabalhistas e da Previdência.  Da mesma forma, qual sentido tem o convite ao presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, se ele é um dos responsáveis por levar 3,5 milhões de trabalhadores a serem forçados a assinarem termo de adesão individual de redução do salário? 

 

Em Santa Catarina o SINTESPE convida os servidores a se integrarem às atividades de protestos, independentes dos patrões e de governos e refletirem sobre a necessidade da mais ampla unidade no enfrentamento às condições de segurança no trabalho e de proteção à vida. Para essa data, o governo Moisés reservou o comunicado de retorno ao trabalho. Os servidores não sabem o que vão enfrentar a partir de segunda-feira, mas terão no SINTESPE o seu ponto de apoio. 

Neste 1º de Maio manifeste-se como puder em defesa dos seus direitos e da sua família: posicione-se nas redes sociais do governador e deputados que endossam suas medidas de cortes, congelamento e confisco salarial. Pressione os senadores catarinenses a votarem contra o pacote de Guedes, Maia e Alcolumbre, faça um cartaz e coloque na janela de sua casa, automóvel, etc, deixando claro que queremos ser respeitados e valorizados e que exigimos investimentos sérios no SUS, na prevenção e tratamento de saúde da população e ajuda justa aos que mais necessitam neste momento dramático. Demonstre sua indignação e desaprovação à necropolítica destes governos inimigos do povo!

 

As comemorações do dia 1º de Maio tiveram origem em uma greve histórica realizada nos Estados Unidos no ano de 1886, na qual os trabalhadores exigiam a redução da carga horária para oito horas, sem redução de seus salários. As manifestações seguiram durante os dias seguintes em diversas cidades do país, com forte repressão policial e inclusive o histórico conflito ocorrido na Praça Haymarket, na cidade de Chicago, quando quatro trabalhadores e sete policiais perderam suas vidas. Na véspera, dois trabalhadores já haviam sido mortos pela polícia quando faziam piquete em frente a uma fábrica. Na sequência foi decretada Lei Marcial em todo o território estadunidense e mais de 100 sindicalistas foram presos, sendo oito deles levados à julgamento e sete condenados à pena de morte. Quatro dos acusados chegaram de fato a serem enforcados, um se suicidou na prisão e outros dois tiveram suas penas convertidas em prisão perpétua. Em 1893 foi concedido oficialmente o perdão aos sobreviventes, sob a alegação de que o julgamento havia sido muito mal conduzido.Em 23 de abril de 1919, o senado francês ratificou a jornada de 8 horas e proclamou feriado o dia 1º de maio daquele ano. Em 1920, a então União Soviética adotou o 1º de maio como feriado nacional, sendo seguida por alguns países.